Temos um famoso dito popular que diz que "um é pouco, dois é bom e três é demais". Já Andy Warhol, o grande artista pop do nosso tempo, dizia que "um é companhia, dois é uma multidão e três é uma festa". Vivemos em uma época em que o sexo não possui mais tantas regras rígidas, as possibilidades são cada vez maiores e todos se sentem mais livres para explorá-las. Quem nunca experimentou sexo a três, pelo menos teve e ainda tem bastante curiosidade de fazê-lo.
'Ménage à trois' é um termo de origem francesa, que em tradução livre pode ser algo como "mistura a três" e é frequentemente usado para descrever relações sexuais entre três pessoas. Não importando o gênero, a relação pode se dar entre heterosexuais, gays ou lésbicas. "Quanto mais mistura, melhor", afirma a jovem estudante de Design Gráfico, Juliana Maria Macedo, de 22 anos.
Juliana, assim como dezenas de jovens, experimentou diversas formas do sexo a três. "Já fui o terceiro elemento em uma relação fixa de héteros e de gays, com uma amiga e um menino que ficamos na balada e já fiz também com o meu namorado e uma amiga dele. Não tenho pudores quando o assunto é sexo".
Casos como o de Juliana são cada vez mais frequentes, os jovens procuram sempre novas formas de satisfazer suas fantasias e curiosidades em relação a tabus tão fortes como o sexo. Sendo feito de forma consciente e saudável, o sexo entre três pessoas é uma atividade sexual como qualquer outra, exigindo o mesmo cuidado com a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e concepções indesejadas.
Michele Bueno, 20 anos, estudante de turismo, conta que participou de uma experiência bastante peculiar com dois colegas da faculdade. "Desde que entramos na faculdade parte da turma criou um laço muito forte de amizade, estamos juntos o tempo todo e sempre acampamos quando temos uma folguinha. Numa dessas viagens, eu e mais dois amigos conversávamos dentro de uma das barracas, e eles me perguntaram se eu já tinha feito sexo com mais de uma pessoa. Respondi que sim, com uma amiga e um amigo, mas nunca com dois caras".
A situação é incomum, homens têm mais preconceito na hora do ménage à trois , "achei estranho, mas percebi que era o que eles queriam fazer. Uma coisa levou à outra e acabamos transando. Foi uma experiência incrível, nunca vou me esquecer", diverte-se Michele.
Traição ou não, eis a questão
Rodrigo Alcantara, um produtor musical de 28 anos não considera o sexo a três uma forma de traição. Ele e sua esposa mataram a curiosidade há uns anos, com uma pessoa que ofereceu a possibilidade de passar uma noite com o casal. "Nós fomos escolhidos pela terceira pessoa, na verdade. Acho que isso foi bacana porque não partiu exclusivamente de algum dos dois, foi algo que conversamos e achamos que seria interessante. Tudo aconteceu naturalmente".
Rodrigo e sua esposa não repetiram a experiência, "aconteceu apenas uma vez e foi bem interessante. Acho que contribuiu para o nosso relacionamento. Nós conversamos bastante antes e sabíamos o que esperar, o que deixou tudo mais tranquilo para o momento. Foi algo bom, porque nos ajudou a sair um pouco da rotina e matou nossa curiosidade sobre o assunto".
Segundo Diego Henrique Viviani, psicólogo e especialista em sexualidade do Ipasex (Instituto Brasileiro de Sexualidade), "em alguns casos essa atividade se enquadra como algo completamente proibido, fora de cogitação, uma vez que isso pode estabelecer um quadro de desconfiança, de traição, do medo da perda da parceria".
Incluir uma terceira pessoa na vida sexual não necessariamente constitui um problema em uma relação. Muitos casais como Rodrigo e sua esposa "praticam essa atividade e acham extremamente prazerosa e muitas vezes até a enxergam como algo positivo para a manutenção do relacionamento. Se ambos estão de acordo, tudo bem", afirma Viviani.
Até que ponto é uma atividade saudável?
Luiz Marques, um programador de 32 anos conheceu pela internet um casal que propunha sexo a três. De forma discreta, Luiz marcou um encontro com o casal em um restaurante e foi conhecê-los. "Eles pareciam bem esclarecidos sobre o assunto, conversamos bastante e fizemos até piadas", conta. Foram a um motel e tudo correu naturalmente, sem maiores percalços. "Comecei a perceber um estranhamento quando só uma das partes passou a me procurar com freqüência pela internet e me mandando mensagens de texto no celular. Coloquei-o na parede e ele abriu o jogo, dizendo que queria me ver sozinho, sem o seu parceiro". Luiz optou por não encontrá-lo, uma vez que a forma proposta ultrapassava os limites da brincadeira a três.
No caso de Luiz, a premissa inicial foi violada - um dos parceiros não sabia inteiramente o que se passava, podendo dessa forma ter sua confiança no relacionamento abalada por uma traição.
Respeitar os limites do outro é sempre premissa de uma relação saudável. Diego Viviani, do Ipasex, completa "atualmente vivemos em uma sociedade mais permissiva do que antes, mas ainda assim existem regras estabelecidas como normais ou não, mas pelo fato da vivência sexual acontecer de maneira intimista isso fica a cargo de quem for realizá-la, desde que não interfira no bem estar de outras pessoas".
Outras práticas
Além de 'ménage à trois', uma prática sexual muito comum nos dias de hoje é o 'swing', também conhecido como troca de casais. Existem, inclusive, bares e casas noturnas especializadas em receber casais que praticam ou têm interesse pelo 'swing'. Algumas casas de 'swing' permitem a entrada de solteiros, justamente para a prática do 'ménage à trois'. Porém em sua grande maioria, só aceitam casais que dividam a filosofia da liberação sexual.
A estudante de Comunicação Social, Larissa Castro, de 21 anos, cedeu à pressão do namorado e foi conhecer uma casa do ramo, "ele insistia muito, sempre teve muita curiosidade, acabei indo com ele". Larissa não se sentiu muito confortável com a situação, mas chegou a participar de algumas brincadeiras com outros casais, pois seu namorado a incentivou. Ela diz que "ele parecia empolgado e não quis cortar o clima, só que achei melhor não ir até o fim". Larissa ficou só no beijo na boca, mesmo.
É sempre importante que casais ou indivíduos busquem uma vivência sexual saudável, que se previnam da maneira correta, e que tenham esclarecimento das conseqüências de seus atos, tanto em sua vida, quanto na vida de demais envolvidos.
Realizar fantasias sexuais de maneira prudente é uma forma muito saudável da nossa expressão individual. "Muitas pessoas têm fantasias sexuais e acabam por não satisfazê-las pelo medo da discriminação, ou por um próprio preconceito que a inibe de experimentar coisas novas. Qualquer experiência que possa ser vivida sem sofrimento físico e psicológico de todas as pessoas envolvidas pode ser encarado como algo saudável, essa é a premissa para uma atividade prazerosa livre de culpas", completa Diego Viviani, especialista do Ipasex.
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