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Pastor Marco Feliciano: uma lei não deve obrigar o cidadão a expor sua intimidade. |
A Comissão de Seguridade Social e Família promove hoje, às 9h30, audiência
pública para debater o Projeto de Lei 6297/05,
que permite a inclusão como dependente, para fins previdenciários, de
companheiro ou companheira homossexual dos segurados do Instituto Nacional de
Seguridade Social (INSS). A proposta, do deputado licenciado Maurício Rands
(PT-PE), altera a Lei de Benefícios da Previdência Social (8.213/91).
A audiência foi proposta pelo deputado Pastor Marco Feliciano (PSC-SP), que é
contrário ao projeto. Para ele, “uma lei não deve ser utilizada para promover
algum grupo em detrimento de outro ou mesmo para discriminá-lo, ou para obrigar
a pessoa a expor a intimidade de sua vida privada”. Na visão do deputado, o PL
6297/05 incorre nesses problemas.
“Ao criar uma lei onde a pessoa declara sua orientação
sexual, obriga-se à exposição pública de uma escolha que é de foro muito
íntimo”, opina. “Corre-se o risco de se construir um país de normas de exceção,
e não de normas que abranjam a todos”, complementa.
Feliciano afirma ainda que o projeto não traz nenhuma inovação ou benefício
adicional aos homossexuais, tendo em vista decisão do Supremo Tribunal Federal
(STF), de maio deste ano, que reconheceu a união estável de pessoas do mesmo
sexo. “O projeto de lei é redundante, desnecessário e ineficaz”, opina.
A decisão do STF não tem, porém, caráter de norma legal. Na ocasião da
decisão, o presidente do STF, ministro Cezar Peluso, destacou que o Legislativo
deve regulamentar a equiparação da união estável homossexual com a união estável
heterossexual.
Decisão judicial
Aprovado na Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público, o
projeto aguarda votação na Comissão de Seguridade Social, onde recebeu parecer
favorável, com substitutivo, da deputada Jô Moraes (PCdoB-MG). Ela lembra que
decisão do Juízo Federal da 1ª Vara Previdenciária de Porto Alegre (RS), com
efeito em todo o território nacional, reconheceu os direitos previdenciários
decorrentes da união estável entre homossexuais.
Jô Moraes ressalta ainda que o INSS regulamentou a matéria, no âmbito do
Regime Geral de Previdência Social (RGPS), por meio da Instrução Normativa
INSS/PRES 20/2007. Essa norma estabelece que o companheiro ou a companheira
homossexual de segurado inscrito no RGPS passará a integrar o rol dos
dependentes, desde que comprovada a vida em comum. Assim, os companheiros gays
passaram a ter direito a pensão por morte e a auxílio-reclusão.
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Jô Moraes defende a aprovação do projeto, com alterações |
Para o consultor da Câmara e advogado Francisco Lúcio Pereira Filho, que
participará da audiência, é preciso analisar se o relacionamento sexual tem os
mesmos atributos da família, que legitimam a concessão do benefício
previdenciário. Para ele, aprovar o projeto de lei poderia gerar discriminação
para pessoas que também mantém relação de afeto e convívio permanente, mas não
fazem sexo entre si, como irmãs solteiras ou filhas celibatárias com pais
viúvos. Segundo ele, a inclusão de todas essas pessoas na Previdência poderia
gerar custos muito grandes para a sociedade.
Pensão
O substitutivo da deputada Jô Moraes exclui dispositivo, contido no projeto
original, que previa a possiblidade de o companheiro ou companheira homossexual
do servidor público civil ser beneficiário de pensão. Segundo a relatora, esse
dispositivo é inconstitucional, pois deputado não pode propor lei que disponha
sobre a pensão de servidores públicos.
Além de Francisco Lúcio Pereira, participarão da audiência o diretor do
Departamento do Regime Geral de Previdência Social, Rogério Nagamine Costanzi; o
secretário da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e
Transexuais (ABLT), Carlos Magno Fonseca; e o chefe da Procuradoria Jurídica do
Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, Antonio Rodrigo Machado
de Sousa.
via Agência
Câmara de Notícias
Neste dia 20 de outubro, quinta-feira, acontece o
#SpiritDay. Por incentivo do glaad
(Aliança Gay & Lésbica Contra a Difamação), este é o segundo ano deste
evento que pede apoio para jovens LGBTs
e marcar posição contra o bullying homofóbico, vestindo uma peça de roupa na cor
roxa,cor que significa “espírito” na bandeira arco-íris, símbolo do orgulho
gay.
Nas redes sociais, você poderá trocar a sua foto do perfil por alguma que
tenha um elemento na cor roxa. Também poderá deixar mensagens na sua timeline,
lembrando para todos da sua rede o porquê que hoje você está de roxo. A
glaad pede para não esquecer de mencionar a hashtag
#SpiritDay e indicar o link http://glaad.org/spiritday
2011, a edição do mês de outubro da revista Trip traz um especial
sobre a diversidade sexual e tem na sua capa dois homens se beijando. Mas, em
1999, a extinta revista SuiGeneris trouxe um beijo gay em close que acabou sendo
censurado pela própria distribuidora da revista.
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SuiGeneris, de junho/1999, censurado por causa do beijo gay pela própria distribuida. |
Foi em junho, a revista pioneira no mercado editorial jornalístico voltado
para homossexuais, publicou um especial sobre o dia dos namorados. Os modelos da
capa são gays assumidos e eram namorados. André Barros, na época com 20 anos, e
Fábio Salles, 18, que saíram retratados tanto na capa frontal como a capa
traseira.
A publicação foi colocada nas bancas da capital paulista na terça-feira, dia
1° de junho. Mas no dia seguinte, a direção da distribuidora da revista, a
Fernando Chinaglia, decidiu adiar a distribuição nacional por casa da foto da
capa. Todos os exemplares foram recolhidos.
Ottílio Ferreia, na época , advogado chefe do departamento jurídico da
Fernando Chinaglia, justificou alegando que a revista com aquela foto na capa
poderia gerar protestos e processos de juízes de menores e por parte dos setores
mais conservadores da cidade.
“A imagem na capa fere o artigo n° 78 do Estatuto da Criança e do
Adolescente”, concluiu o advogado, explicando que tal artigo impede a divulgação
de mensagens que possam ser consideradas obscenas ou pornográficas sem
um invólucro opaco e com alertas para o conteúdo do material.
Nelson Feitosa, editor da revista rebateu a opinião de Ferreira e afirmou que
a publicação era jornalísticas e não pornográfica.
“Como somos parceiros dos distribuidores desde o lançamento da revista, em
1995, e eles acharam que o melhor é colocar o plástico fosco cobrindo a foto da
capa, aceitamos, mas não concordamos de fato”, disse o jornalista.
A Fernando Chinaglia sugeriu a colocação do plástico sem qualquer custo para
a editora. “A intenção é preservar o título da gana dos conservadores e não
fazer censura”, argumentou o advogado da distribuidora.
A revista voltou circular uma semana depois, com o plástico com uma tarja
preta cobrindo o beijo polêmico.
Leia a matéria de capa que tanta polêmica levantou em 1999:
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SuiGeneris, junho de 1999 |
Depois daquele beijo
texto: Marcelo de Moraes – foto: Daniel Klajmic
Foi quase um mês à procura do casal perfeito, até a equipe da SuiGeneris
achar Fábio e André.
Os dois jovens que venceram o preconceito da família para permanecer
juntos. Fica no romance deles a nossa homenagem de um feliz Dia dos Namorados,
um 12 de junho sem repressão.
As mães uniram-se para tentar impedir, mas nem elas puderam separá-los. Na
verdade – diante da força da torcida contrária -, os jovens André Barros, 20
anos, e Fábio Salles, 18, fizeram um recuo estratégico. Um rompimento breve,
que, depois de superado, só aumentou o sabor de vitória deste namoro que hoje
soma dois anos.
O romance começou quando um primo de André convidou-o para tomar cerveja com
amigos. Embora não costumasse sair acompanhado do parente, pois ele era mais
novo, dessa vez aceitou. Foram ao Saco do São Francisco – uma área de bares em
Niterói, estado do Rio de Janeiro. No tal grupo de amigos estava Fábio. A
amizade foi inevitável. Depois dessa noite, a turma passou a encontrar-se com
frequência e, em pouco tempo, os dois namoravam.
Tudo ia bem. Falavam-se ao telefone diariamente e um não saia da casa do
outro. Mas a súbita e forte ligação chamou a atenção do pais dos rapazes. Vieram
frases indiretas a respeito da estranha amizade que surgia. Ignorando a clara
atitude contrária da família, os meninos seguiram com o romance.
Um dia a mãe de André encontrou uma carta de amor escrita por Fábio. Durante
algum tempo, ela nada fez. Mas a ligação do filho tornava-se cada vez mais
próxima do namorado. Ela não se conteve e telefonou para a mãe de Fábio,
contando tudo o que se passava entre os rapazes. Eles não negaram a relação. “É
impossível enrolar, e também fica chato ter que falar escondido ao telefone. Foi
melhor contar, até mesmo para eles aceitarem”, explica André.
A partir daí começou a repressão. Foram proibidos de se encontrar, falar ao
telefone, ou manter qualquer tipo de contato. “Minha mãe me controlava, chegava
a me seguir na rua”, revela Fábio. Uma vez, André tentou encontrar o namorado na
saída do colégio e por pouco não foi flagrado pela “sogra”, que fora
buscá-lo.
Diante de tantas dificuldades, a dupla acabou sucumbindo. “Ficou difícil
manter um relacionamento assim, então a gente terminou”, conta André. Uma semana
de separação e os dois não aguentaram. Apesar de nunca terem efetivamente se
afastado, pois, além de vizinhos, possuem os mesmo amigos e frequentam os mesmos
lugares.
Os pais sabem da reconciliação, entretanto preferem não tocar no assunto.
“Agora ninguém fala nem comenta nada, mas eles sabem que a gente continua
namorando”, fala André.
Sobre o futuro, a dupla está terminando o segundo grau e pretende cursar a
universidade. André que fazer vestibular para psicologia e Fábio para
publicidade. O dinheiro do fim de semana eles garantem trabalhando na divulgação
de festas da boate Bunker 94, em Copacabana.
Quanto à exposição que vão enfrentar na capa de SuiGeneris, eles decidiram
assumir o desafio. Mesmo que isso veja a causar mais problemas com os pais.
“Minha mãe é relax, mas acho que vai ficar meio bolada por eu estar beijando um
cara, para todo mundo ver. Meu pai é que vai cair em depressão profunda. Ele é
completamente contra, acha que é doença”, fala André que ainda completa: “Eles
sabem que é isso mesmo, só vai confirmar um assunto que já foi debatido.”
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