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Para o promotor Rogério Leão Zagallo, a vítima e o réu se conheceram em local ardente, capaz "de ruborizar aos mais indiferentes moais da ilha de Páscoa" |
O promotor Rogério Leão Zagallo ironizou gays através de uma vítima de
homicídio, o agente de modelos Jefferson Luppi, assassinado
em março de 2010 no seu apartamento no Itaim Bibi, zona sul de São Paulo,
segundo informações da Folha de São Paulo.
Conforme o documento assinado por Zagallo, do 5° Tribunal do Júri de São
Paul, a vítima e o réu se conheceram em uma boate frequentada por pessoas
“modernas e abertas a novas experiências, sobretudo aquelas ardentes e capazes
de ruborizar aos mais indiferentes moais da ilha de Páscoa”.
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O agente de modelos Jefferson Luppi foi encontrado morto no seu apartamento no Itaim Bibi no dia 08/03/2010 |
O promotor escreveu que Jefferson era um “homossexual cheio de entusiasmo, de
ardor e de vivacidade” e que levou o cantor de rap Fábio Luiz dos Santos, 29,
para sua casa porque queria ser “penetrado” por ele.
Em seu depoimento à polícia em abril de 2010, o réu disse que matou o agente
de modelos porque ele teria tentado golpeá-lo com uma faca.
Santos disse que Jefferson o contratou para um programa e ficou irritado
porque ele não havia tido uma ereção. O réu disse que desarmou a vítima e a
matou, mas negou ter roubado dinheiro ou aparelhos eletrônicos de seu
apartamento.
A assessoria de imprensa do Ministério Público informou que o promotor já
está sendo investigado pela Corregedoria da instituição, tudo porque em outro
caso, Zagallo teria sugerido
para um policial melhorar sua mira para mandar bandido para o inferno. Neste
caso o policia foi assaltado por dois homens armados e, ao reagir a disparos,
matou um dos ladrões.
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Rapaz segura raixo X de sua perna que foi fraturada na agressão (Foto: Robson Ventura/Folhapress) |
Mais um caso de homofobia contra homossexuais aconteceu na região da Avenida
Paulista. Desta vez, o casal Marcos Paulo Villa, analista fiscal de 32 anos, e
seu namorado, coordenador financeiro de 30 anos, foram agredidos verbalmente e
espancados ao sair de um bar na Rua Bela Cintra. O namorado de Marcos que
preferiu não ser identificado, teve a perna quebrada.
O casal estava com uma amiga no Sonique Bar, na Rua Bela Cintra, na noite de
sábado, primeiro de outubro. Ela foi assediada por dois homens. Segundo Marcos,
os agressores com idades entre 25 a 30 anos, voltaram a assediar a moça e
começaram a provocar a ele e ao namorado em um posto de combustíveis que fica na
esquina da Bela Cintra com a Fernando de Albuquerque.
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Marcos Villa achou que seu namorado tivesse morrido (foto: captura de vídeo) |
“Ela [a amiga] tinha parado o carro no estacionamento do lado. Fomos embora
para casa e paramos no posto para comprar cigarro. Na fila do posto, esses caras
vieram atrás e começaram a falar que a gente era viado, que a gente ia morrer,
que não merecia viver.”. Marcos se dirigiu a um dos agressores e afirmou: “Vocês
não sabem o que estão falando. Você é um cara novo ainda, pode ter um filho
gay.”
Marcos pediu para que eles parassem com as provocações e atravessou a rua, em
direção à sua casa, na Rua da Consolação. Os dois agressores foram atrás do
casal, continuando com as provocações.
O namorado de Marcos contou que “o cara falou que eu tinha que morrer. Eu
comecei a gritar, pedindo ajuda do outro lado da rua. Ele veio pra cima de mim,
me deu um murro na boca. Eu caí no chão, bati a cabeça e ele começou a chutar o
meu corpo, foi onde eu apaguei e ele conseguiu quebrar a minha perna”.
Marcos e o seu namorado foram levados à Santa Casa de Misericórdia de São
Paulo, onde foram medicados.
“Nunca tinha visto nada semelhante, a gente nunca acha que vai acontecer com
a gente. Primeiro, porque não somos estereotipados. Se aconteceu com a gente,
pode acontecer com qualquer um”, disse Marcos.
Segundo as vítimas, um dos agressores é branco, de 1m80, cabelos curtos e
ondulados, compleição forte e com uma tatuagem de figuras do mar em um dos
braços. O outro agressor é também branco, de 1m75 e de cabelos lisos.
Aparentemente nenhum dos dois tinham visual ligados à grupos homofóbicos como
dos Carecas ou boneheads. Marcos acredita que um dos agressores era praticante
de alguma modalidade de luta marcial. “A forma como ele me deu socos era típica
de alguém que praticava boxe ou algo semelhante”, disse.
O casal procurou registrar, no domingo, boletim de ocorrência no 78° DP. Eles
não conseguiram registrar o caso no Decradi (Delegacia de Crimes Raciais e
Delitos de Intolerância) porque fica fechado nos fins de semana.
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