Assino embaixo:
Texto de Daniel Moraes
A tentativa é boa. Mostra que o minoritário setor de evangélicos não-pentecostais e não-neopentecostais, está se levantando contra o achincalhamento que essas duas correntes (principalmente a segunda, a neo-pentecostal) têm feito com a igreja reformada.
Eu já vinha afirmando que a qualquer hora esses setores esclarecidos começariam um movimento crítico, nem que fosse por força centrífuga diante de sua inação. O misticismo e anti-intelectualismo são constrangedoramente tão evidentes que só restariam duas alternativas aos evangélicos tradicionais. Ou se calam por vergonha (e com isso acabam por legitimar o desvio moral da igreja, por omissão - que é o que tem acontecido até agora), ou reagem se afastando desses movimentos (atitude que esse cartaz, incipientemente, aparenta representar).
Bom saber que alguns evangélicos começam a empreender esse segundo movimento, que parece projetar um soerguimento moral evangélico. Como afirmei antes, essa tentativa é por demais oportuna.
Porém, para que esse movimento de tomada de posição crítica se estabeleça com solidez, ainda falta a esses setores críticos uma melhor e mais amadurecida fundamentação de seus discursos.
Primeiramente, não adianta dizer que a IURD ou a IMPD (a franquia do Valdomiro) não são evangélicas. Este argumento não convence, pois todos sabemos que isso não é verdade. Essas denominações são, sim, evangélicas (neopentecostais). Isso é indiscutível. O argumento crítico, se quiser vicejar, terá que se desenvolver de modo menos simplista. Não há soluções prontas, mas há que surgir uma outra alternativa de distanciamento dessas denominações que não deixarão de ser reconhecidas como evangélicas.
Talvez a saída seja o cristianismo reformado reler criticamente o próprio termo "evangélico" e abandoná-lo, dele se dissociando derradeiramente, e retornando a sua origem: o termo (e a teologia) "protestante", ou "reformado". Esse, particularmente, é o movimento que tenho proposto há tempos. Não confundo a teologia evangélica com a protestante. Entendo que chegam a se constituir (felizmente) religiões distintas.
E, como sugeri, a restauração do ethos protestante não passa, por certo, pela simples adesão a uma nova nomenclatura. Há que se livrar da teologia 'mainstream' que se entranhou como erva daninha no campo evangélico no século XX. Há que se ter coragem, altivez e dignidade para assumirmos por inteiro que a teologia místico-moralista que engoliu o meio evangélico não pode mais imperar. Deixemos-na para Macedos e Malafaias nelas se afogarem. Que patenteiem a marca "evangélico" e a comercializem em seus templos-business em 10 vezes sem juros.
Devemos assumir tal postura não com meias palavras, ou com fugas simplistas como fez esse cartaz ao tentar fazer com que se creia que "o sistema epistemológico bíblico é filosoficamente coerente e não contraditório", como se bastasse dizer tais palavras para que isso se tornasse um fato real, quando todos sabemos que definitivamente não há "o" sistema epistemológico bíblico, mas diversos! Entre eles o fundamentalista, o pentecostal, o neo-pentecostal, nos quais reina a incoerência e a contradição com o ethos evangelical cristocêntrico. E isso é visível, tão inescondível (e escandaloso) que tem envergonhado os cristãos de boa fé.
Se queremos distinguir-nos como um "verdadeiro" povo do evangelho, como almeja o título desse cartaz, devemos, antes, restaurarmos os pilares da teologia reformada: sola fide, sola gratia, sola scriptura, solus christus e soli deo gloria. E nos orgulharmos de NÃO sermos "evangélicos", mas sim, povo do evangelho. E isso significa ter ousadia e honradez de romper com todos os atuais fundamentos das teologias evangélicas, estas que hoje são místicas, personalistas, denominacionistas e totalmente desprovidas de conteúdo ético-principiológico, que foi substituído por um raso sistema moral-legalista.
Que Deus ilumine o seu povo a ter dignidade e coragem para se levantar do macio e confortável lodo e se lançar a um novo caminhar de liberdade rumo à verdadeira fé evangelical, esta que sem subterfúgios possa ser a cristalina expressão do amor, gracial e misericordioso.
Se queremos distinguir-nos como um "verdadeiro" povo do evangelho, como almeja o título desse cartaz, devemos, antes, restaurarmos os pilares da teologia reformada: sola fide, sola gratia, sola scriptura, solus christus e soli deo gloria. E nos orgulharmos de NÃO sermos "evangélicos", mas sim, povo do evangelho. E isso significa ter ousadia e honradez de romper com todos os atuais fundamentos das teologias evangélicas, estas que hoje são místicas, personalistas, denominacionistas e totalmente desprovidas de conteúdo ético-principiológico, que foi substituído por um raso sistema moral-legalista.
Nenhum comentário:
Postar um comentário