Escolhas
:: Elisabeth Cavalcante ::
Por que será que, na maioria das vezes, duvidamos de nossa capacidade de escolher o melhor caminho? Certamente, porque costumamos nos guiar pela mente, pois isto é o que nos foi ensinado que a razão é o unico mestre confiável.
Ocorre que nem sempre o que a razão determina é o que nos fará feliz. A maior parte das escolhas ditadas pela mente têm como fonte valores que nos foram impostos pelo mundo exterior. E se baseiam em sua maioria no medo, na tentativa de nos protegermos de que algo dê errado.
Então, quando nos guiamos por elas, o resultado pode ser desastroso, visto que tende a nos levar na direção contrária do que nosso coração deseja.
Como mudar este padrão de comportamento? A observação consciente é o único caminho.
Se aprendermos a nos manter alertas, seremos capazes de perceber quando a mente tentar nos direcionar para a insegurança e a sensação de ameaça, diante de uma escolha.
A diferença essencial entre aquele que toma atitudes conscientes e o que se guia apenas pelas regras alheias, é que o primeiro está disposto a pagar o preço que for preciso para seguir o seu coração.
O segundo precisa sempre de garantias antecipadas de que a opção que fará é a mais acertada. Mas, a certeza absoluta de que algo nos fará felizes, só virá a partir da experiência. Por mais que tentemos prever o resultado, nada é garantido antes que vivenciemos de modo real, concreto, uma situação.
Então, a saída é aprender a confiar em nosso insight, naquilo que nossa visão interior apontar como o que necessitamos para alcançar a felicidade. Mas, nenhum insight poderá ser percebido se estivermos tomados pela energia do medo. Ela bloqueia toda a qualquer capacidade de percebermos nossas intuições.
Confiar nesta percepção, sem se importar em querer seguir padrões impostos, é a unica forma de decidir sem que a dúvida esteja presente.
E, ainda que erremos, este erro não deve ser tomado como um fracasso, mas apenas como uma etapa em nosso permanente processo de aprendizado.
...."Revelação é a liberdade.... Insight é a liberdade: Você não precisa de nada, você simplesmente precisa de insight.
Você simplesmente tem que olhar para as coisas - como elas são, como funcionam, como funciona o desejo - que é tudo. Que isto seja muito, muito claro: que a percepção é a liberdade. Você não precisa lutar por liberdade, você só tem que olhar para as coisas, como elas funcionam. Como você tem vivido até agora, olhe para isto. Como você ainda está vivendo este momento, olhe para isto! ...
E quando a verdade aparece, ela transforma você. Isso é o que Jesus quer dizer quando diz: A verdade liberta, nada mais. - nem doutrinas, nem teorias, nem dogmas, nem escrituras. Só a verdade liberta.
Mas não se pergunte como obter a verdade. Se você coloca o 'como', você traz o desejo. O 'como' é o gerente de sua mente desejante. Ele sempre diz: 'Como? Como fazer isso? '
Não é uma questão de fazer. Basta vê-lo, basta ver a forma como ela é. Veja como sua mente continua a funcionar, como tem funcionado até agora..
"Insight é liberdade, clareza traz imparcialidade. Quando você é claro, você não precisa escolher, você escolhe só porque você está confuso.
Escolha é da confusão - "Devo ir por este caminho, ou por aquele, desta ou daquela maneira?" Você está confuso, você não pode ver, então você está oscilando....Devo meditar, não devo meditar? Se eu amo essa mulher, não devo amar essa mulher? Devo fazer nessa direção ou naquela direção?
Essas coisas existem porque você não tem clareza. E os seus assim chamados professores de religião, os seus assim chamados sacerdotes religiosos, seguem dizendo o que você deve fazer.
Isso não é obra de um verdadeiro mestre, são os pseudo-mestres. Você vai a eles com uma mente confusa, e você diz, 'eu tenho duas alternativas A e B. O que devo fazer? ' E eles dizem: 'Você faz um - um é certo, b está errada. " Eles não ajudam. Eles não lhe dão a claridade. Eles simplesmente lhe dão algo para se agarrar, lhe dão a noção de certo e errado.
...O mestre real nunca lhe dá alguma idéia de certo e errado, ele simplesmente dá uma idéia ....E isso é o Buda diz, estas foram suas últimas palavras quando estava saindo do mundo. Seus monges começaram a chorar e chorar. Ele disse: 'Chega de bobagem! Ouçam-me: Seja uma luz para si mesmo. Lembre-se, estas são minhas últimas palavras. Seja uma luz para si mesmo: ".
O que é essa luz? Essa clareza de ver as coisas. Se é morte, ver a morte. Se é amor, ver o amor. Se é a vida, ver a vida. Se for raiva, ver a raiva... se você tem a capacidade de ver as coisas, você será capaz de ver o óbvio. Uma vez que o óbvio seja conhecido como óbvio, a escolha desaparece.
Isso é o que Krishnamurti quer dizer quando ele diz: "Seja sem escolha. Mas você não pode ser sem escolha, você não pode escolher imparcialidade. Você não pode decidir um dia: 'Agora, a partir de agora vou ser sem escolha "- esta é uma escolha.
Imparcialidade não pode ser escolhida, o não desejo não pode ser desejado, o não-apego não pode ser praticado. Esta é a mensagem do Zen: Olhe para as coisas e o óbvio se revelará. E quando você sabe que esta é a porta e esta é a parede, você não precisa escolher para onde ir, vai até a porta. Você não pode colocar a pergunta: "Devo ir através da parede ou da porta? Você simplesmente vai através da porta".
OSHO
Zen: O Caminho do Paradoxo.
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