O fato tornou-se público após o jornal "Diário de São Paulo" publicar entrevista com o jovem Marcio Galante, 23, que é identificado como um dos organizadores e que trabalha como vendedor de artefatos da 1ª e 2ª Guerra Mundial. Na reportagem, o rapaz sai em defesa de Bolsonaro, a quem considera "um militar de respeito que está sendo linchado pela mídia".
Na mesma entrevista, cita-se o grupo "Ultra Defesa", que se classifica de ultradireita, nacionalista, cristão e a favor da família. O grupo possui um blog, onde defende uma ação para cima dos "comunistas e da ABGLT". Como se não bastasse, na rede social Orkut, há uma comunidade intitulada "Eu sou fã do dep. Jair Bolsonaro", que conta com mais de quatro mil simpatizantes.
Na comunidade. todos os tópicos são ataques terríveis aos LGBT. O que impressiona também é que grande parte dos participantes são jovens com idade entre 20 e 23 anos. Mas o que tudo isso revela? Que essa postura debochada e fascista do deputado Jair Bolsonaro está encorajando grupos racistas, homofóbicos e fascistas a saírem do armário e irem para a linha de frente com um ideal de combate ao "mal", que no caso são homossexuais e negros.
Estes grupos estão se sentindo oficializados. Não é pra menos. A partir do momento que um deputado federal, que está em seu quarto mandato consecutivo e que nas últimas eleições teve mais de 120 mil votos, defende em rede nacional o ódio contra negros e homossexuais, esses grupos fascistas também se acham no direito de irem às ruas para corroborar com o discurso higienista que prega a "raça pura" e a "moralidade".
Além da postura retrógrada do deputado Jair Bolsonaro, esta semana dois grandes jornais saíram em defesa do parlamentar. Argumentaram que são contra os "ideais racistas e homofóbicos de Bolsonaro", mas que ele deve ter o direito à "liberdade de expressão para falar o que pensa". Trocaram seis por meia dúzia. O problema é que os jornais também acabam por encorajar os intolerantes.
Choca saber que Bolsonaro faz parte da Comissão de Direitos Humanos da Câmara e que atua para barrar qualquer projeto progressista. Também é desanimador constatar que o relator de seu processo na Corregedoria da Câmara é Eduardo da Fonte, colega de Bolsonaro no Partido Progressista (PP).
Dá para acreditar que Bolsonaro será cassado? Se, em 2008, ele agrediu fisicamente e verbalmente a então deputada federal Maria do Rosário (PT-RS), hoje ministra dos Direitos Humanos, ao chamá-la de "vagabunda" e dizer que "nem para ser estuprada ela servia", e não foi cassado, dificilmente o será dessa vez. O que se especula é seu afastamento da Comissão de Direitos Humanos e algum tipo de punição, mas que com certeza será leve demais para as besteiras que já proferiu.
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